Um rio chamado Sibaúma

Há algum tempo atrás, em passeio pelo litoral sul do estado do Rio Grande do Norte, conhecemos um riozinho de nome Sibaúma que nos chamou atenção por parecer uma excelente opção para pesca de Robalo (aqui conhecido como Camurim), precisamos pescar algumas vezes nesse rio para “pegar a manha” e conseguir decifra-lo, fizemos boas pescarias, desde então, o “roteiro Sibaúma” já faz parte de nosso roteiro de pesca.

Distante aproximadamente 90 quilômetros da capital Natal, para chegar ao rio, seguimos pela BR-101 onde entramos na cidade de Goianinha e passamos em Tibáu do sul e Pipa até chegar a pequena cidade de Sibaúma.

Recentemente voltamos ao rio para gravar um vídeo (DVD) do grande amigo Marcos Réia sobre a pesca no Nordeste.

Escolhemos duas marés para a pescaria, dia 07 e 18 de setembro respectivamente. Subimos o rio com uma embarcação de 4 metros dotado de motor de popa de 8 Hp, levamos cerca de 40 minutos até o ponto onde começamos a descer e realizar nossos arremessos.

No trecho que vai da pequena foz até aproximadamente 1 quilômetro, o rio é um pouco raso, dificilmente ultrapassando 1,5 m de profundidade e dependendo da maré, nos obriga a descer da embarcação e arrasta-la por alguns trechos. Acredito que uma das causas do assoreamento do rio nesses trechos deve-se à construção de inúmeros viveiros de criação de camarões onde não foi respeitada a legislação que obriga em rios de pequeno porte como esse manter pelo menos 30 metros de mata ciliar em suas margens.

Mesmo assim, o consideramos um rio com bastante vida ainda, pois podemos ver cardumes de peixes subindo e descendo o rio constantemente. Dentre eles identificamos Saúnas, Carapebas, Tilápias além de uma enorme quantidade de lambaris.

O Sibaúma é um rio de água limpa e praticamente doce (excetuando sua foz nas marés cheias) com bastante vegetação aquática submersa onde podemos claramente ver os Robalos saírem de dentro para atacar nossas iscas e para onde retornam na tentativa de escaparem do anzol.

Além do Robalo, outra espécie que fisgamos com freqüência são os Jacundás, principalmente quando usamos iscas menores, mas há relatos também da existência de Tarpons (Camurupins), porém, ainda não tivemos a sorte de encontrá-los.

Em nossa pescaria, fisgamos Robalos Flechas (centropomus undecimalis), e o Robalo Trick (centropomus ensiferus). Não houve estranhamente captura de Pevas (centropomus parallelus), pois é a espécie de Robalo mais abundante em cursos de rios de água doce.

O maior Robalo fisgado na pescaria (um flechinha) pesou exatos 2 quilos, mas sabemos que sobem Robalos bem maiores, porém não são residentes, poderíamos afirmar que são peixes de passagem que eventualmente sobem para alimentar-se ou mesmo desovar.

Não há necessidade de uso de material muito pesado como, por exemplo, se estivermos pescando em canais de mangue mais largos e profundos onde há realmente a probabilidade (mesmo que remota) de fisgarmos grandes Robalões de 10 quilos ou mais até porque é um rio com poucas estruturas como galhadas submersas ou cracas que não desenvolvem na água doce. Para tanto, recomendamos varas de 8 a 14 lbs. Ou no máximo 8 a 17 lbs e carretilhas compatíveis carregadas com linha 0,28 a 0,33mm. Levamos também varas para molinete de 6 a 12 lbs munido com linha 0,23mm. Para arremesso de iscas bem leves de 5 centímetros. Usamos iscas de no máximo de 9 centímetros.

Particularmente prefiro o uso de iscas de superfície imprimindo um trabalho mais lento que julgo ideal para atrair os Robalos que são peixes bastante manhosos. Usei nessa pescaria iscas AICAS modelos: Bororó, Bom-Bom, Paca entre outras, mas sem dúvida uma isca que é um sucesso na pesca do Robalo é a Samurai, por se assemelhar bastante com um pequeno Lambari. Principalmente em cores brilhantes ou transparentes. Outro fato é que o acabamento cromado dessas iscas é bastante resistente, ao contrário de muitas iscas famosas no mercado que no primeiro contato com a boca áspera do peixe começam a descascar como se estivesse caindo o reboco de uma parede.

Por ser um Rio de água muito limpa, dá para ver o cardume vir atrás da isca, a pesca é praticamente no visual e quando um exemplar é fisgado os outros indivíduos do cardume o acompanham proporcionando ao parceiro de pesca arremessar e fisgar o seu também (duble). Em um desses cardumes chegamos a pegar praticamente todos os peixes (cinco no total) que obviamente foram liberados para que continuasse seu ciclo de vida.

Para finalizar, foi bastante prazeroso a pesca nesse pequeno rio, foi uma pescaria bastante produtiva com imagens incríveis de ataque de peixes e que esperamos em breve voltar e quem sabe, com um pouco de sorte fisgar Robalos bem maiores. E torcer também que as criações de camarões em viveiros não venham a prejudicar irreversivelmente este pequeno, mas belo curso d’água.

Alexandre Cardoso 

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